20.10.10

Texto de Mª Jose Costa Félix

Desde cedo te vi sem nada ainda veres em ti de tanto que só para fora olhavas. Vieste sr crescido tão convencido da importância do que tem e se faz tão agarrado a essa idéia ilusória e tão esquecido do tanto que, afinal, o habita, que pouco dá desse melhor de si mesmo e pouco cria para lá de ilusões.
Mas o que vi foi sobretudo a criança capaza de se encantar e acolher aquilo que se lhe apresenta sem prisões passadas nem expectativas futuras.E foi essa tua semente profunda de carência feita de feridas tapadas por duras lutas através das quais te foste tornando homem que, no fundo de mim mesma acolhi.
Ignoro o que permitiu que me aparecesses tão despido de compromissos e obrigações que, ao longo de uma vida te seguraram. Deixei-me simplesmente levar por essa surpresa que  a ti ainda mais surpreendeu do que a mim e por isso nasceu uma nova fonte de vidaque, maior do que qualquer de nós, nos elevou para lá do chão realque era já existente.
Não sei ainda porque vieste aqui e agora só sinto que aqui estás e esqueço esse porquê. Talvez a resposta se encontre em tempos de que não posso saber porque me são estranhos. Mas sinto que o que fez com que eu te visse vem desses tempos longínquos qm que eras sem roupa e eras sem razão q, que para viveres o teu hoje, decidiste congelar.
Talvez, por isso, a nossa história, que é de vida não possa, já o sinto a prolongar-se no tempo tanto como nós desejariamos.Talvez tenhamos que aprender que só o presente pode dar consistência ao que , a certa altura, nos é dado a viver e que há coisas que nos acontecem antes dessa aprendizagem estar feita.
Foi ao ver-te tão despido que pude sentir como sendo real aquilo que, só hoje o sei, afinal não passava de um sonho.
Não quero porem desfazer já este encontro, destruir o sonho.

Apesar de tudo quero continuar a acreditar na existência, neste horizonte sempre aberto por ti criado.



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