30.6.11




Envolveste-me num olhar rápido, atento, pelo qual não era possível adivinhar se vinhas como amigo ou como inimigo. Aquela noite deeixou-me uma impressão especial.
O teu rosto, ovalado, um pouco moreno; os dentes magníficos; os lábios finos, o nariz direito, um pouco comprido, a fronte ampla, na qual não se via a mais pequena marca; os olhos grandes e castanhos. Tudo em ti é belo e no entanto nada condiz com a tua expressão. Olhando-te com atenção, chamavam-me a atenção os olhos quentes que contradiziam o teu silêncio. Observeite, incapaz de perceber o que estavas a tentar dizer-me, embora tenhas mudado de expressão, de hesitante para expectante, passando por um estado de animação, tudo se dissipou quando olhaste para longe como que em busca de um sinal (mas nada disto fazia sentido). Esforçaste-te por tornar os teus olhos doces e acariciadores, mas os seus raios denunciaram-te, vi-os a brilhar nos teus olhos duros e desconfiados, perscrutadores e maliciosos que fizeram vibrar todo o meu ser.
És alto e bem proporcionado, tens uma figura estóica e marmórea que te tornam ainda mais apetecível (aos meus olhos). Os cabelos quase negros e finos emolduram o teu rosto melhor que eu alguma vez poderia fazer com os meus beijos, mas são os teus malditos olhos que te tornam divino para mim. Já as tuas mãos, de tão suavs que são, nem se assemelham às mãos fortes dos homens, mas às de um ser ancestral em cujos braços me quero saber perdida.
Dás, sim senhor, uma boa descrição.

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