30.6.11

03 ABRIL, 2011


aqueles olhos castanhos,

A partir do momento em que a vergonha se vai embora, o receio dos ditos e chamados alheios desaparece das nossas sensações e só um pequeno grande pormenor entra no nosso Universo, com os seus olhos castanhos a penetrar no meu rosto tudo fica calmo e apaixonado. Nunca os meus radares estiveram tão desligados durante algumas horas, nunca o meu mundo (em que estão agrafadas todas as minhas adoradas rotinas) esteve tão longínquo só por tocar nessa pele macia que tanto brilhou na minha presença.
Existem energias que rodopiam em torno do meu corpo, basta realizar uma boa gestão ou deixar que entrem todas de uma vez numa tentativa de desafio ou mesmo de explosão (em que o coração bombeia sangue a uma velocidade furiosa e incrivelmente calma). Palavras foram escritas num jardim, tão ternamente. Edifícios com objectivos específicos foram revelados à minha alma e nunca determinadas construções passaram a conter vários simbolismos tão poderosos. Nunca foi necessário determinado tipo de filosofia para explicar todas estas sensações, existe uma inteligência emocional que se torna capaz de cantar a sua força. Colocar os pés em água quente com o olhar fixo num determinado ponto da parede será sempre um dos meus passatempos, perdoa-me pequeno pássaro que ainda continuo a olhar para ti, dentro da gaiola.
Palavras puras que preencheram páginas em branco numa mistura de exploração de todos os pormenores de um rosto trouxeram-me um amor incrivelmente forte. Misturou-se com um sentido de protecção alarmante, viajante em todas as veias dos meus braços, pernas e pés. Nunca serás pesado para os meus braços, extraordinariamente alto para te abraçar e passar os meus pequenos choques eléctricos. Deixaste-me escalar o teu rosto, tocar no chão macio e vermelho dos teus lábios e verter uma lágrima perante a mistura de sentimentos no caldeirão recheado de sangue. Aqueles olhos castanhos a penetrarem e ligarem-se ao meu rosto e alma, guardada na caixa torácica, ficaram gravados em todos os meus sentidos, sabem disso não sabem?
Continuo com a sensação de que as palavras não são possuidoras da capacidade de explicação. Se continuo a escrever a única coisa que farei é preencher espaços brancos em folhas. Existem determinados acontecimentos que não se explicam, não os racionalizo. Prefiro levar a minha alma para onde ela quiser voar, tal papagaio levantado em plena praia.
Vou escrever-te mais um pouco, até logo.

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