30.6.11

Esta é a rapariga quando só era metade. 
De tudo o que tinha na vida, só sentia metade. Metade dos amigos, metade dos interesses, metade do ânimo, metade de felicidade e metade do amor (tanto do seu como do dele). Um dia já se tinha sentido por inteiro mas ultimamente ela só se sentia metade. Achava-se desinteressante, feia e sem qualquer interesse para os outros e para ela mesma, o que lhe trazia um enorme desgosto. 
Com o tempo, foi percebendo que o que a fazia sentir-se incompleta era pensar demais. O mínimo sinal de alguma coisa que habitualmene não era nada do que aquela cabecinha pensava a fazia pensar logo "o quê", "porquê", "para quê" e "o que é que eu fiz para". Pensava logo no pior que podia acontecer com aquela situação e sofria antecipadamente antes das coisas acontecerem. Desculpava-se com o "tenho medo de..." para não sentir que na própria consciência que estava a ficar paranóica. Foi esse medo de tudo e do nada que lhe tirou a metade que lhe falta. 
Apercebendo-se do que se passava, decidiu que devia voltar a encontrar a metade de tudo outra vez para que pudesse ser feliz. Assim, muitos dias de lavagens
cerebrais constantes e de muitos sapos engolidos para conseguir levar as coisas
á estabilidade e de converter factos em pensamentos insignificantes e pensamentos em
obrigatórias realidades, estão a levá-la finalmente a um consenso entre o
racional e o irracional/impulsivo.

Aos poucos e poucos, a angústia está a ser substituída por tranquilidade e o medo está a ser substituído por felicidade. Sente que a metade de que sentia falta está a ser-lhe reconstruída no corpo e na alma e que em breve será ela por completo com capacidade de se interessar pelo que gosta e de ter ao seu lado por inteiro os que mais gosta e quem mais gosta dela sem as paranóias antigas. 
Reconstruir-nos a nós mesmos implica força de vontade, implica confiança e implica não ser cego e surdo quando dizem que gostam e nós. Tornou-se esse o seu lema e agora, quando se olha ao espelho já não vê apenas metade de si e passou a ver-se por inteiro. E ser-se por inteiro é realmente bom!



Envolveste-me num olhar rápido, atento, pelo qual não era possível adivinhar se vinhas como amigo ou como inimigo. Aquela noite deeixou-me uma impressão especial.
O teu rosto, ovalado, um pouco moreno; os dentes magníficos; os lábios finos, o nariz direito, um pouco comprido, a fronte ampla, na qual não se via a mais pequena marca; os olhos grandes e castanhos. Tudo em ti é belo e no entanto nada condiz com a tua expressão. Olhando-te com atenção, chamavam-me a atenção os olhos quentes que contradiziam o teu silêncio. Observeite, incapaz de perceber o que estavas a tentar dizer-me, embora tenhas mudado de expressão, de hesitante para expectante, passando por um estado de animação, tudo se dissipou quando olhaste para longe como que em busca de um sinal (mas nada disto fazia sentido). Esforçaste-te por tornar os teus olhos doces e acariciadores, mas os seus raios denunciaram-te, vi-os a brilhar nos teus olhos duros e desconfiados, perscrutadores e maliciosos que fizeram vibrar todo o meu ser.
És alto e bem proporcionado, tens uma figura estóica e marmórea que te tornam ainda mais apetecível (aos meus olhos). Os cabelos quase negros e finos emolduram o teu rosto melhor que eu alguma vez poderia fazer com os meus beijos, mas são os teus malditos olhos que te tornam divino para mim. Já as tuas mãos, de tão suavs que são, nem se assemelham às mãos fortes dos homens, mas às de um ser ancestral em cujos braços me quero saber perdida.
Dás, sim senhor, uma boa descrição.

03 ABRIL, 2011


aqueles olhos castanhos,

A partir do momento em que a vergonha se vai embora, o receio dos ditos e chamados alheios desaparece das nossas sensações e só um pequeno grande pormenor entra no nosso Universo, com os seus olhos castanhos a penetrar no meu rosto tudo fica calmo e apaixonado. Nunca os meus radares estiveram tão desligados durante algumas horas, nunca o meu mundo (em que estão agrafadas todas as minhas adoradas rotinas) esteve tão longínquo só por tocar nessa pele macia que tanto brilhou na minha presença.
Existem energias que rodopiam em torno do meu corpo, basta realizar uma boa gestão ou deixar que entrem todas de uma vez numa tentativa de desafio ou mesmo de explosão (em que o coração bombeia sangue a uma velocidade furiosa e incrivelmente calma). Palavras foram escritas num jardim, tão ternamente. Edifícios com objectivos específicos foram revelados à minha alma e nunca determinadas construções passaram a conter vários simbolismos tão poderosos. Nunca foi necessário determinado tipo de filosofia para explicar todas estas sensações, existe uma inteligência emocional que se torna capaz de cantar a sua força. Colocar os pés em água quente com o olhar fixo num determinado ponto da parede será sempre um dos meus passatempos, perdoa-me pequeno pássaro que ainda continuo a olhar para ti, dentro da gaiola.
Palavras puras que preencheram páginas em branco numa mistura de exploração de todos os pormenores de um rosto trouxeram-me um amor incrivelmente forte. Misturou-se com um sentido de protecção alarmante, viajante em todas as veias dos meus braços, pernas e pés. Nunca serás pesado para os meus braços, extraordinariamente alto para te abraçar e passar os meus pequenos choques eléctricos. Deixaste-me escalar o teu rosto, tocar no chão macio e vermelho dos teus lábios e verter uma lágrima perante a mistura de sentimentos no caldeirão recheado de sangue. Aqueles olhos castanhos a penetrarem e ligarem-se ao meu rosto e alma, guardada na caixa torácica, ficaram gravados em todos os meus sentidos, sabem disso não sabem?
Continuo com a sensação de que as palavras não são possuidoras da capacidade de explicação. Se continuo a escrever a única coisa que farei é preencher espaços brancos em folhas. Existem determinados acontecimentos que não se explicam, não os racionalizo. Prefiro levar a minha alma para onde ela quiser voar, tal papagaio levantado em plena praia.
Vou escrever-te mais um pouco, até logo.

quando nem as forças da natureza ultrapassam as do coração,

As forças da natureza não conseguem ser tão fortes como as forças do coração. Nem tão repentinas ou devastadoras, nos dois sentidos. O tão famoso bom ou mau, como se fossem dois lados da moeda (uma comparação tão utilizada nestes casos). Aqueles terramotos no cérebro fazem tremer todas as pernas humanas ou simplesmente as nossas, uma vez que o epicentro ocorreu bem dentro do nosso corpo. Ou talvez o furacão que invadiu o coração e não deixou rastos do passado que podia atormentar a alma (e tantas vezes estes tipos de furacões fazem falta a algumas pessoas). Aparecem num segundo e desaparecem em dois ou vice-versa. Nunca existiu força maior do que a do coração.
A minha boca liberta frases completas, coerentes na mais profunda lógica e apaixonante graças ao lado emotivo, nunca me apercebo desta habilidade em mim assim como tantas outras. São pormenores como este que mexem com o coração e preenchem o corpo de um brilho apocalíptico, capaz de cegar a pessoa tão pessoalmente personificada como "paixão". E nós não queremos que esta última parte aconteça, pois não? Talvez por isto, nunca somos capazes de olhar sem cataratas ou lenços nos olhos para a nossa alma. Qualquer forma de comunicação entre as pessoas desaparece nos tempos que correm e não existe um amor-próprio numa primeira instância para os espíritos que rodeiam a nossa monotonia, as almas nunca tocam nos tecidos como se de peças de roupa se tratassem. Um cheiro a roupa nova, a tratamento impecável invade todas as almas que podem ser consideradas puras, já pensaram nisso? Os raios solares remexem no meu rosto, analisando e despertando-o, com uma delicadeza estonteante. Ao mesmo tempo, pequenas almas tocam na minha. Diferentes tecidos sentem o poder do toque, o tacto nunca foi tão poderoso como nestas alturas, em que ampulheta teima em deitar areia fora (nunca percebi porque é que o tempo é tão musculoso e consegue atingir recordes na maratona). Toda esta activação de um dos sentidos provoca terramotos, maremotos se for preciso caso as emoções dancem um samba nos meus olhos castanhos. Basta o simples toque da alma amada para provocar o maremoto e inundar todos os outros órgãos. Nunca desastres naturais (e humanos) foram tão celebrados pela alma, catástrofes dentro do nosso corpo comemoradas com garrafas de champanhe ou simples sorrisos e gargalhadas confiadas a terceiros.
A inundação foi provocada por simples frases, valores que podemos defender com todas as garras e arranhar os seres humanos para sentirem a nossa presença. É mais do que cabelos que podem significar liberdade ou lábios pintados que trazem elegância a um corpo humano, trata-se de conversas entre almas. Nem que seja um "como está?" e de seguida "bem, obrigado" recheado de pureza. Simples palavras trazem brilho e novas palavras que os ouvidos humanos não são capazes de captar. Quando uma frase é libertada pela boca, já a alma teceu mil e quinhentas. E o companheirismo vem ao de cima, uma segunda alma apaixona-se profunda, racional, apaixonadamente. As minhas mãos com unhas roídas dos nervos desejam, neste momento, agarrar as tuas. E agora falo em primeira pessoa, todos sabem que o que escrevo é na sua maioria pessoal e proveniente das minhas vivências. Deixo que a tua água limpe a minha alma, bem aos poucos. Contactámos com tanta podridão de espíritos alheios, deixámos derreter tantas essências que é necessário que a areia do Cronos nos envolva e faça a sua magia. Terramotos acontecem a toda a hora, provocando desastres em toda a construção humana mas já experimentaram em contar o número de tremores (de Terra) que o nosso corpo pode ter? Os órgãos devem estar mais do que desfeitos ou reconstituídos graças aos dois lados da moeda. Nunca os terramotos foram tão positivos para a minha alma, nos últimos tempos. Os meus braços não se mexem desesperadamente com a sensação de maremoto, o amor é o conteúdo mais aconchegante do planeta e o corpo coberto de cicatrizes sente-se saudável (mesmo tendo sofrido diversas doenças).
As forças da natureza continuam a querer provar a sua força mais continuo convicto de que a força do coração é bem mais forte. E trata-se mais do que um simples bombear de sangue para todo o corpo, envolve muito mais. E é isso que vou descobrir.
Nunca fui tão feliz em toda a minha vida, acreditem.
Digam-me lá de quanto tempo precisamos para desaparecer?
Não aguento mais!!!! Cada minuto que passa, cada dia, cada hora, cada semana é mais uma luta desenfreada!
Sabem quando sentem o coração em pedaços e ainda assim, forçam um sorriso? ou ainda assim dizem olá com a maior alegria do mundo quando no fundo o "vosso mundo" está praticamente no chão''?
Pois é.... EU SINTO-ME ASSIM!!!!! :'(
MMMÃÃÃEEEE!!

15.6.11

E depois? pensa ela?
O que é que tem? já não tens nada...nem a ganhar nem a perder...
ou melhor tens....Pensa, pensa Renatita!
Tu não podes ir-te abaixo agora, não podes! Ela precisa de ti, a tua mãe precisa, o teu pai, o Dani, e o resto do mundo....tens que lutar...tens que ser forte mais uma vez...mas não como da outra! Desta és tu, não uma mera imagem és tu quem sente és tu quem fala, quem ouve, quem grita quem chora quem ri! 
Calma...calma...mais uns meses e pronto.....acabou-se!
Já?? que pavor! não...a sério é um querer e não querer...
Onde andas tu? não era suposto já teres aparecido e estares aqui ao pé de mim??
Que angústia. Estou farta deste labirinto!!! 

14.6.11